1. O homem se faz médico
No dia 2 de agosto de 1915, em Santa Rita do Rio Negro (hoje chamada
Euclidelândia), distrito de Cantagalo, cidade do norte do Estado do Rio de
Janeiro, nascia o Dr. Nagib Jorge Farah, filho
dos libaneses Jorge Farah e Barjut
Mussi Farah.
Seus pais, oriundos
da cidade de Farhatra, vieram a ter pouso em Santa Rita, com a filha Anna, onde
montaram um pequeno comércio. Anna, após a morte dos pais, ficou responsável
pela criação do irmão Nagib.
Tendo, porém,
demonstrado grande capacidade intelectual, seguiu para Niterói, onde cursou o
ginasial e o científico no famoso colégio Brasil. Não sem sacrifício: trabalhou
na secretaria do colégio e, posteriormente, como sentinela noturno no Palácio
do Catete, no tempo de Getúlio Vargas. Teve seu esforço recompensado, quando,
ao prestar vestibular para medicina, passou para a Universidade Federal
Fluminense – UFF, onde se formou em 1944 com grande mérito e distinção.
Casou-se com a
enfermeira Naiade Circe, com quem teve dois filhos: Jorge (piloto de avião) e
Antônio Carlos (médico em Cantagalo).
2. O grande médico se mostra um
verdadeiro Homem
Renomado pediatra na
cidade do Rio de Janeiro, onde atendia em um modesto consultório na rua Machado
Coelho, no bairro do Estácio, Dr. Nagib era procurado por ricos e pobres; por
isto, não cobrava suas consultas: quem podia deixava uma nota ou algumas moedas
numa caixa, como agradecimento. Um seu contemporâneo, o Dr. Júlio Carvalho,
disse, certa vez:
─ “Não sei como o
Nagib conseguiu sobreviver com esta camaradagem.”
Certa feita ele foi
chamado, às duas horas da madrugada, para atender alguém num morro carioca:
vira tanta miséria que não teve coragem de cobrar a consulta, tampouco o táxi
que pegara. Alguns dias depois recebeu de presente uma galinha magra.
Não descuidou da
família nem do povo de sua terra: uma vez por ano, durante o Natal, voltava a
Cantagalo, para visitar sua querida irmã Anna; nestas ocasiões, atendia,
gratuitamente, a dezenas de crianças que, em romaria, vinham em busca do seu
auxílio médico para a cura das mais diversas enfermidades. Ainda hoje, algumas
pessoas fazem questão de lembrar que o Dr. Nagib salvou a vida de seus filhos
ou deles mesmos. Sua própria sobrinha, Dona Ruth, nos diz:
─ “Esses e outros
casos eu posso testemunhar porque, também eu, recebi essa graça dele. A segunda
gravidez seria o meu fim se ele não me exigisse ir ao Rio de Janeiro. Em poucos
dias ele recuperou a minha saúde, pondo-me a salvo e em condição de ter um
parto feliz, salvando mãe e filho”.
Recebeu vários
títulos honoríficos de entidades científicas e sociais do Rio de Janeiro e de
Niterói, em reconhecimento ao seu grande valor profissional e humano.
Os próprios colegas,
médicos, diziam não haver outro igual. Médico humanitário, jamais colocou
interesses pessoais acima da profissão ou obstáculos para o atendimento da
população, acolhendo a todos com a mesma solicitude e dedicação.
Por tudo isto foi
homenageado com uma rua com o seu nome em Cantagalo e, no Rio de Janeiro, com o
nosso Centro Municipal de Saúde Nagib Jorge Farah.
Nosso ilustre médico
veio a falecer em 11 de agosto de 1969, no Rio de Janeiro.
3. Agradecimentos
Poucas eram as
informações que tínhamos sobre o Dr. Farah: a própria internet não nos revelou
muita coisa. Um dia, recebemos, no nosso painel de recados, um agradecimento e
um elogio da senhora Anete Farah, sobrinha do Dr. Nagib. Na época, percebemos
que esta era a oportunidade de descobrirmos quem era o médico que dava nome à
nossa Unidade de Saúde. Porém, o Blog estava inativo e com graves problemas
estruturais. Quando retornamos ao Blog, começamos a manter um amigável diálogo
com a senhora Anete, via correio eletrônico. O carinho que ela e seus outros
familiares nutriam pelo querido médico nos contagiou: conforme recebíamos
detalhes sobre a vida do Dr. Farah, sentíamos que íamos fazendo parte da
família. Decidimos prestar uma homenagem ao Dr. Nagib e à família Farah
contando a sua história no dia de seu nascimento.
Todos os
funcionários do CMS desejávamos saber quem era o Dr. Nagib.
Creio termos
preenchido esta lacuna.
Senhoras Anete
Farah, Ruth Farah, senhores Jorge e Antônio Carlos e a todos os familiares, nos
faltam palavras para agradecer as informações que tão gentilmente nos cederam;
diremos então, do fundo do coração:
MUITO OBRIGADO!
E, podem ter certeza
que, aqui no CMS Nagib Jorge Farah, todos os funcionários mantém vivo o
espírito de abnegação e solidariedade do amado doutor e procuram, em cada ato,
serem dignos do legado humanitário deixado pelo Dr. Nagib Jorge Farah!
Julio Penna e
Mariana Gomes
Fontes: e-mails enviados pelas senhoras Anete Farah e Ruth
Farah e um texto de autoria do sr. R. F. N. Lutterbach
Dr. Nagib Jorge Farah |
Igreja Santa Rita do Rio Negro, onde foi batizado |
Igreja do Santíssimo Sacramento, onde fez a Primeira Comunhão |
Algumas das muitas premiações que recebeu |
5 comentários:
Boa noite.
Fiquei emocionada ao ler essa homenagem.
Ele era meu padrinho... foi embora muito cedo... eu era pequena,mas me lembro claramente de momentos que passamos com ele.
"Dindinho Nagib e "Dindinha" Circe, , como eu os chamava.
Realmente, outro.. nunca existirá!
Meu beijo carinhoso... e de onde ele estiver, com certeza estará ajudando da mesma forma..
Monika Corbal
Não conheci o ilustre e bondoso médico, mas conheci a Ruth Lutterbach, prima de minha mãe, quando estive em Cantagalo em 1969 e duas vezes mais em 71 e 73. Ruth era casada com um neto do meu bisavô Alexandre Rodrigues. Penso em retornar logo a Cantagalo e rever um pouco mais da história da miha família. Ruth é um símbolo da bondade e amor, características das puras almas.
Olá bom dia!
Gostaria de saber se ele,em algum tempo teve consultório no Bairro de Santa Teresa RJ?
Linda história! E um orgulho p/ a família
FARAH! DEUS O TENHA! DESEJO QUE TODOS DA FAMILIA E CONTERRÂNEOS
CONHECAM ESSA LINDA BIOGRAFIA.
PARABENS ANETE FARAH! ELE LA EM CIMA ESTA TE ABENCOANDO.
Conheci o Dr. Nagib Jorge Farah pessoalmente; alma e coração maiores do que seu corpo de 150 Kg. Seu consultório, na Rua Machado Coelho, era simples: sala de espera, banheiro e a sala de atendimento, tudo com móveis antigos. Sua consulta não tinha preço, uma gaveta da escrivaninha permanecia semi-aberta e cada cliente colocava alí o que pudesse.
Infelizmente faleceu cedo, vítima de um infarto agudo do miocárdio, deixando muita saudade aos seus pequenos clientes, principalmente os moradores do Morro São Carlos, que eram levados ao seu consultório por suas mães. Júliolio Carvalho ( Médico, turma de 1961, Ciências Médicas (UERJ)
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