Celebra-se hoje, 21 de junho, o Dia Nacional de Controle da Asma. A data foi instituída pela Portaria nº 776 / 1999.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a asma é responsável por 2,5 mil mortes por ano no país e ocorrem cerca de 177,8 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência da asma, sendo a população mais afetada crianças de 0 a 6 anos de idade que representaram 77,1 mil casos de internação. Com o objetivo de reduzir estes dados o Ministério da Saúde iniciou no dia 4 de junho deste ano, a distribuição de medicamentos para o tratamento da asma em farmácias populares da rede própria (administradas pelo governo federal) e nas unidades privadas conveniadas ao programa “Aqui Tem Farmácia Popular”. Os três medicamentos (brometo de ipratrópio, dirpoprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol) foram incluídos na ação “Saúde Não Tem Preço”, juntamente com outros 11 medicamentos para hipertensão e diabetes, que já são distribuídos.
Os medicamentos incorporados já faziam parte do elenco do programa Farmácia Popular, em que eram ofertados à população com até 90% de desconto nas unidades da rede própria e privada. Com a inclusão deles no Saúde Não Tem Preço, o valor de referência –estabelecido pelo Ministério da Saúde – será mantido e o governo assumirá a contrapartida que era paga pelo cidadão. Esta gratuidade deve beneficiar até 800 mil pacientes por ano.
ASMA
A asma é uma doença que determina crises de falta de ar, ocorrendo dificuldade na entrada do ar nos pulmões, e principalmente na sua saída. Esta dificuldade é conseqüência de um processo inflamatório crônico das vias aéreas, tendo como conseqüência a liberação de certas substâncias que determinam a contração dos músculos que envolvem os brônquios, estreitando a sua luz e causando a dificuldade na respiração. O estreitamento das vias aéreas (broncoconstrição) é geralmente reversível, porém, em pacientes com asma crônica, a inflamação pode determinar obstrução irreversível ao fluxo aéreo. Embora os conhecimentos sobre muitos aspectos da doença tenham avançado nas últimas duas décadas, as causas fundamentais da asma não são ainda conhecidas.
Sintomas
Tosse principalmente na metade da noite e no início da manhã, aperto no peito (sensação de "peito preso") e falta de ar (respiração incompleta) com chiado no peito.
Fatores de risco
A exposição a alérgenos, particularmente nos primeiros anos de vida, pode determinar inflamação crônica alérgica nas vias aéreas de indivíduos geneticamente suscetíveis. Outros fatores de risco para o desenvolvimento de resposta inflamatória são: infecções virais na infância, ausência de amamentação com leite materno, exposição ambiental domiciliar à fumaça do cigarro de pais fumantes, poluição atmosférica (ainda sem evidências convincentes) e dietas com baixos teores de antioxidantes (vitaminas C, E) ou ácidos graxos poliinsaturados (ácido linolêico, ou ácidos graxos omega-3).
A asma pode ser desencadeada em conseqüência de inalação de poeira doméstica (ácaros), polens, pêlos, substâncias excretadas por animais, irritantes (fumaça de cigarro, poluição ambiental, smog, gás natural, propano), pó de giz, odores fortes, aerossóis químicos, mudanças de temperatura e pressão do ambiente, distúrbios emocionais, hiperventilação (riso, choro, grito), exercício, infecções virais, refluxo gastresofagiano (refluxo ácido anormal do estômago para o esôfago) , uso de beta-bloqueadores por via sistêmica ou tópica (colírios para glaucoma), uso de aspirina e outros antiinflamatórios não-hormonais, aditivos de alimentos (sulfitos, tartrazina) e fatores endócrinos (ciclo menstrual, gravidez, doença tireoideana).
Tratamento
Na crise aguda ou exacerbação (ocorre aumento da inflamação brônquica com liberação de mediadores inflamatórios que determinam broncoconstrição e os sintomas da agudização da doença), empregamos medicamentos que abrem rapidamente os brônquios. São os broncodilatadores. Podem ser veiculados através de bombinhas pressurizadas ou por nebulizações. Estes medicamentos só devem ser utilizados como drogas de resgate, ou seja, quando há crises agudas de falta de ar.
A asma é considerada uma doença inflamatória. Deve ser tratada portanto, com antiinflamatórios.
A doença é classificada em quatro estágios, de acordo com a gravidade: Leve Intermitente, Leve Persistente, Moderadamente Persistente e Severamente Persistente. Usamos os antiinflamatórios a partir da asma leve persistente, de forma contínua, mesmo quando o paciente encontra-se fora de crise (sem falta de ar), pois mesmo assim sabe-se que existe inflamação.
A educação do paciente acerca de sua doença é essencial, tendo como objetivos conseguir que cooperem com o tratamento e reduzam a ansiedade diante da doença. A informação por si só não modifica o comportamento. Torna-se necessário estabelecer uma boa relação médico-paciente, determinando os objetivos do tratamento, reduzindo-se as preocupações. O paciente deve:
- ser informado da natureza crônica da doença;
- ser capaz de identificar os fatores que pioram a sua asma;
- ser instruído a tomar regularmente os medicamentos prescritos, manuseando corretamente os dispositivos para inalação de antiinflamatórios e broncodilatadores;
- compreender o porquê da necessária aderência ao tratamento profilático antiinflamatório;
- saber como e quando utilizar a medicação sintomática de alívio;
- evitar os agentes que desencadeiam suas crises;
- saber monitorizar sua doença através dos sintomas, ou utilizando medidores de Pico de Fluxo Expiratório (PFE), reconhecendo o agravamento do quadro, buscando cuidados médicos na ocasião apropriada. O uso freqüente dos medidores de PFE, diário segundo alguns guidelines, permite ao paciente conhecer seu valor basal, seu melhor valor, a variação diurna e detectar uma real deterioração da função pulmonar. Consultas para revisão com o médico assistente precisam ser agendadas a cada 1 – 6 meses, de acordo com a gravidade do caso, salientando-se sempre a necessidade de adesão ao tratamento.
Cuidados com o ambiente
A asma se caracteriza principalmente por uma inflamação alérgica. Vários são os desencadeantes da asma alérgica, também chamada de asma extrínseca: os ácaros da poeira doméstica, os pelos e escamas de animais domésticos (gatos, cães), os alérgenos liberados pelas baratas, os polens etc...
Em relação aos ácaros algumas medidas devem ser tomadas:
— Combater o ácaro da poeira doméstica não é tarefa fácil, principalmente em ambientes úmidos cuja concentração alcança 1.000 ácaros por grama de poeira. Um colchão pode apresentar de 10.000 a 10 milhões de ácaros e aproximadamente 10% do peso de um travesseiro com dois anos de uso pode ser devido a presença de ácaros mortos. O colchão deve estar envolvido em tecido impermeável ou plástico e ser lavado semanalmente com água quente para remoção do ácaro e alérgenos. Quanto aos travesseiros, evitar os que contenham penas ou espuma dando-se preferência aos de fibra sintética. Lençóis devem ser trocados semanalmente e lavados em água a 60ºC. Evitar os cobertores de pêlos. É preferível os de fibra sintética, os laváveis. Estofados, cortinas e tapetes não são permitidos, pois tapetes são um importante micro-hábitat para a colonização do ácaro e constituem fonte de alérgenos para que colchões sejam reinfestados. Os tapetes que possam ser removidos, devem ser levados ao exterior, batidos e colocados sob os raios solares por pelo menos três horas, o que é letal para os ácaros.
— Limpar diariamente, ou mesmo mais de uma vez, o quarto de dormir, utilizando aspiradores de pó. Estes aparelhos, os mais recentes, contêm o filtro integral de micropartículas HEPA ( high efficiency particulate air-filter) e combinam alta e constante capacidade de filtração do ar (removem 99% dos aeroalérgenos) com baixa turbulência.
— Os animais não são permitidos no interior das casas, e quando isto não for possível torna-se necessário dar banho pelo menos duas vezes por semana, pois a redução na concentração de alérgenos só é observada por alguns dias. Grandes quantidades de alérgenos podem ser removidas de gatos pela simples imersão do animal em água, reduzindo-se a concentração alergênica também no ar ambiente. A redução pode ser obtida em cães através do banho, utilizando-se porém shampoo. O banho semanal tende a reduzir a quantidade de escamas e saliva seca que se desprendem dos pêlos dos animais e se espalham pelo ambiente, permanecendo em suspensão. Mesmo quando se retira definitivamente o animal do ambiente, a redução do reservatório de alérgenos pode demorar meses.
Nas populações de baixo nível socioeconômico, e com precárias condições de habitação, a infestação por baratas constitui um fator de risco importante para sensibilização de asmáticos.
O combate às baratas inclui medidas físicas e químicas. Providências devem ser tomadas para evitar o acesso aos alimentos, aos dejetos, ao lixo e à água. A barata é um ser omnívoro, ingerindo virtualmente tudo. O ambiente deve ser ventilado, evitando-se umidade e condensação. As torneiras devem ser mantidas em perfeito estado, sem vazamentos e os ralos vedados.
O combate químico inclui várias substâncias químicas. A mais indicada para pacientes alérgicos constitui-se na hidrametilnone comercializada em dispositivos de plástico que contêm “iscas” que exterminam as baratas. As baratas entram, ingerem as iscas que contêm a substância e saem para morrer algum tempo depois. Estes dispositivos são efetivos, reduzindo o número de baratas por 2 a 3 meses.
Outro fator ambiental a ser considerado é a umidade no interior das casas, que favorece o crescimento de bolor ou fungos. A umidade geralmente está relacionada a insuficiente ventilação que é necessária para a adequada remoção de vapor d'água ou ao insuficiente isolamento térmico, aos vazamentos, a goteiras e à inundação, os quais devem ser reparados.
A exposição interna a irritantes não-alérgicos, como a fumaça de cigarro, odores e sprays fortes, poluentes químicos do ar, particularmente o ozônio, óxidos de nitrogênio e o dióxido de enxofre, deve ser reduzida.
Fontes:
- Portal da Saúde. Disponível em: < http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/5433/162/iniciada-distribuicao-gratuita-de-medicamentos-para-asma.html>. Acesso em 20 de junho de 2012.
- Asma Brônquica. Disponível em: < http://www.asmabronquica.com.br/paciente/index.html#01>. Acesso em 20 de junho de 2012.
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